lunes, 22 de septiembre de 2008

A ILHA DOS CAMPEOES




Ontem chegou o nosso campeao dos jogos Paraolímpicos de Pekin (China).
Xavi Torres (1974) conseguiu uma medalha de prata e uma de bronze em nataçao.
Esse campeao por partida dobre, pois o é na piscina e na vida, nasceu com uma amputaçao congênita nas quatro extremidades, porém isso nao impediu que com o seu esforço e tenacidade conseguisse um palmares impressionante na sua carreira esportiva: Campeao paraolímpico em Barcelona 92 (1 oro, 2 prata e 2 bronze, Record do mundo), campeao paraolímpico Atlanta 96 (1 oro, 1 prata e 1 bronze, Record do mundo), campeao paraolímpico Atenas 2004 (1 prata e 1 bronze), campeao júnior Saint Etienne 89, campeao do mundo absoluto Malta 94, Chistchuch 98 (Nova Zelanda) e Argentina 2002, además de campeao de Europa.
Esse atleta tem o premio Ramon Llull a atividade esportiva (2001) e com Rafel Nadal (tenista) apadrinha o programa "Aprendemos Juntos" de integraçao de meninos e meninas com deficiências.
Com estudos de professor em educaçao física, presenteador de TV, ele é um exemplo para os nossos jovens e nao tao jovens, em como a vontade e o esforço é importante para superar as dificuldades da vida.
Felicidades XAVI TORRES!

miércoles, 17 de septiembre de 2008

A ILHA ANTIGA-2





Balma de Son Matge (Valldemossa)-Foto Joan Maiol e enterramento de Sa Cova des Pas (Menorca). Mao apanhando cabelos e fragmentos de cordas da mortalha.

A eterna pergunta sempre é: Quem foi o primeiro? Quem foi o Adao e Eva desse paraíso que sao as Illes Balears?

A resposta tem sido buscada desde antigo. Na Grécia clássica pensavam que os colonizadores das Ilhas eram troianos que fugiam da derrota da famosa Guerra de Tróia.

Os romanos pensavam que eram descendentes de Hércules.

Já no século XIX, J. Ramis no seu livro "Antigüedades célticas de Menorca" (1818), intentou responder dando a idéia que os nossos primeiros habitantes eram Celtas.

Posteriormente teve êxito a teoria de que eram gente dos tao famosos como desconhecidos "Povos do Mar".

Nos mediados do século XX considerou-se que foram gente do Neolítico, que vieram com embarcaçoes desde a Península Ibérica ou talvez de Córsega ou Sardenha, com os quais parece ter algo em comum.

Esses habitantes teriam vindo sobre o 3.000/2.000 a.C.

Nos anos 60/70, William Waldren, um artista que vivia em Deià (Mallorca), começou a investigar e excavar com métodos mais modernos como a dataçao por rádio carbono e parece que encontrou na cova de Muleta (Sóller), um depósito de ossos onde o homem tinha convivido com o Myotragus Balearicus (animal meio cabra, extinto desde antigo).

Essa convivência se explicaria por um intento de estabulaçao no abrigo rochoso de Son Matge (Valldemossa) e também na cova de Canet (Esporles), onde Jaume Coll pareceria ter encontrado restos duma fogueira que situaria essa gente numa antigüidade de 7.000 anos a.C.

Todas essas teorias que durante os anos 80/90 tomaram força, começaram a perder-la com o análise do rádio carbono calibrado. Isso é comparando o resultado com outros meios de dataçao, por exemplo, o conhecimento da idade das árvores pelas suas veias ou a estratificaçao dos materiais, etc.

Essas novas análises e também os novos professores como Guerrero Ayuso, J. Aramburu, Jaume Coll, Manel Calvo etc. da Universidade da "Illes Balears" fez que os nossos primeiros habitantes nao fossem tao antigos como parecia e que se situariam de novo no Calco lítico.

O descobrimento duma cova de enterramento em Menorca, intacta e que tem conservado incluso tecidos internos (cerebro, pulmao, estômago) vao permitir conhecer melhor quem era essa gente, de onde vinha e que tipo de alimentaçao, doenças, clima e vegetaçao os afetavam.

O que se encontrou nessa cova merece artigo à parte. Os seus escavadores acharam um autêntico tesouro, nao de ouro, mas de gente. A "Cova des Pas" está dentro de um barranco à meia ladeira, de dificil acesso. Escondia enterramentos feitos sobre paridelas de madeira. Os defuntos (homens, mulheres, crianças) estavam dentro de mortalhas feitas de couro e levavam os cabelos em tranças, alguns cortados e tingidos de vermelho (parece que com valor ritual).

Havia uma mulher com um bebê, que tinha morto do parto e levava um ramo de flores encima (ainda se conservavam fragmentos do ramo).

Eu tive a sorte de ver as fotos e o relato dos próprios arqueólogos que fizeram a escavaçao. Foi realmente emocionante! Creio que nunca vou esquecer aquele dia.

O estudo do ADN dos tecidos, o pólen, as madeiras, os esqueletos etc. vao demorar certo tempo. Estamos ávidos em conhecer os resultados e estaremos atentos as publicaçoes dos estudiosos.

martes, 9 de septiembre de 2008

A ILHA DOS DEMÔNIOS


Hoje vamos falar de chifre e nao vai ser de vaca. Vamos falar de rabo e nao vai ser de touro.
Vou falar do Diabo. Essa figura tao temível como desconhecida, tao horrenda como atrativa.
Que tem de especial o diabo, que aqui na nossa cultura, tao Cristiana, apostólica e romana, esteja presente em quase todas as festas?
Antropologicamente falando, (até que fica bem, nao é?), pode que esse personagem fosse o representante do que se diz "contracultura".
Ele era o elemento discordante, vamos aquele que punha em entredito o estabelecido.
Os nossos diabos, que parece que nao, mas sao muitos em toda a Ilha, tem um ar entre malvado e divertido, como aquele que faz travessuras, porém no fundo nao quer machucar ninguém.
Esse espírito burlao existiu desde muito antigo, reprimido e perseguido durante a ditadura, explodiu com a liberdade da democracia e criou escola, isso é: mais diabinhos, e com eles o fogo, o espetáculo da música e da chama, removendo os sentidos mais profundos das festas do Mediterrâneo.
Desde o Norte ao Sul da Ilha, acompanhando às procissoes e festas religiosas (Santa Catalina, Sao Antoinio, Sao Bartolomeu etc.) . Comparsas de Santa Catalina Thomas (a santa da Ilha), aonde vao rompendo centenários de recipientes de cerâmica como representando a tentaçao que tem que vencer a Santa. Depois, eles movendo as cadeiras fazem soar uns badalos que levam pendurados na cintura.
Persiguindo os meninos com um pau ou molestando a "dama" na antiquíssima dança dos "Cosssiers".
Personagens atávicos, os nossos diabos ("dimonis") dao medo nas crianças e festa à gente maior, enfim se isso é o inferno, quem sabe se nao é tao mau.

lunes, 1 de septiembre de 2008

A ILHA DO TEATRO





"Enmig de la mar

s'aixeca ma terra

fins tocar el cel

que es deixa en la Serra

banderes de blau."

Pere Capellà (1907-1954)

fragmento do poema inacabado "Jo sóc català"

Com esse poema de Pere Capellà, autor teatral, queria falar do teatro.

Todas as sociedades têm os seus meios de expressao, o seu jeito de canalizar as suas ilusoes e frustraçoes.

Alguns povos usam a música, a dança, outros os esportes ou até a religiao etc. Porém pode-se dizer que na pequena ilha, o teatro foi e é uma forma natural de recrear os seus próprios problemas ou soluçoes.

Nao se destaca por ter grandes companhias de nível internacional, ao contrário sempre foi uma atividade falta de recursos e de apoio oficial.

O teatro foi perseguido, fiscalizado pela igreja, estado etc., mas a gente sabia como fazer que aparente mais inocente do que era e assim transmitir a mensagem do autor.

Nasceu assim um teatro basicamente afeiçoado e ainda segue sendo com mais ou menos força.

Sao muitos os grupos em todo o arquipélago e eu pertenço junto com a minha família e um grupo de amigos ao "Agrupació de Teatre Nova Terra", o qual no ano que vem vai fazer 35 anos.

O seu atual diretor e presidente, pois se trata duma associaçao, é Joan Maiol Bisbal e o repertório do grupo vai desde obras de "teatro regional" (baseadas no mundo rural), clássicos e pequenas obras de mímica.

Com altos e baixos, pelo grupo tem passado muita gente da nossa cidade.

A sua fundadora e anterior diretora, Maria Vázquez, conseguiram, antes da sua morte prematura, levar o grupo por todas as ilhas e também na Península.

Esse desejo de fazer rir, chorar e sentir o aplauso do público é um sentimento muito especial e que faz esquecer os ensaios e as horas dedicadas ao decorado e a preparaçao da obra.

O Joan sente o teatro e atua desde a sua adolescência. Escreve e traduz, sendo a alma do grupo atual.

Como o nosso grupo, existe outros na mesma cidade, "Mademico Teatre", "Estel Nou, teatre" (grupo formado por pessoas com algumas discapacidades), teatro infantil etc.

Como vocês podem ver a afeiçao à comédia é grande na ilha e parafraseando a Pessoa: "(O ator) é um fingidor / finge tao completamente / que até finge que é dor / a dor que de verdade sente."