miércoles, 19 de noviembre de 2008

A ILHA DA GENTE



"S'ARXIDUC"

Dizem que chegou a Mallorca fugindo da pérdida da sua amada, que morreu num desgraçado acidente (o seu vestido pegou fogo e ela morreu queimada diante dele). O feito é que o arquiduque Lluis-Salvador D'Habsburg-Lorena (1847-1915) foi uma pessoa especial.

Aristocrata, culto, grande viageiro (com o seu iate Nixe viajou pelo mundo e, sobretudo pelo Mediterrâneo), desembarcou na nossa ilha e prá ela dedicou a sua obra mais importante "Die Balearen in Wort un Bild geschildert" ( As Baleares descritas pela palavra e o desenho). Vários volumes dedicados a natureza, geografia, antropologia etc. das Ilhas Baleares.

Com excelentes gravados e desenhos, é uma fonte de conhecimento das nossas ilhas do final do século XIX e princípios do XX.

O seu amor foi a costa Norte da ilha de Mallorca. Se apaixonou da sua beleza, da natureza humanizada , mas virgem e pura.

Pouco a pouco foi comprando as terras e casas da zona. A primeira foi Miramar, onde o escritor e predicador medieval Ramon Llull tinha vivido e fundado uma escola de línguas orientais.

Dizem que uma vez ele, nos seu passeios, ouviu que cortavam uma oliveira, e para que nao cortassem mais árvores, comprou as terras por um valor muito superior. No dia seguinte, eram muitos camponeses que se puseram a cortar árvores.

Parente do emperador de Áustria e da famosa Sissí, que veio a visitar-lo em Mallorca e que ele descreveu quando ela falava com a camponesa Catalina Homar, comparando as duas mulheres, escrito que causou escândalo na corte austríaca.

"S' Arxiduc", como lhe chamavam em Mallorca, era um ecologista quando essa palavra ainda nao existia, impulsor do turismo, quando ainda nao existiam turistas, senao viageiros, viu em Mallorca as belezas onde os seus habitantes só viam trabalho.

Ele era romântico, excursionista, fez construir o primeiro refugio de montanha da Espanha e que para nossa vergonha está em bastante mal estado, quando deveria estar restaurado com plaquinha e tudo.

Quem como nós amamos a montanha, sentimos por ele uma imensa admiraçao, já somos conscientes que ele era rico, aristocrata, vamos que nao tinha nada que fazer, mas soube aproveitar o seu tempo e nele estava o domínio de catorze línguas, entre elas a catalana, o conhecimento das ilhas e da sua gente, o amor pela beleza. Quem vê uma posta de sol na costa Norte, nao esquece nunca, pois fica gravado no seu coraçao.

"S'Arxiduc" morreu em 1915, no principio da primeira guerra mundial, nao sei se era consciente que essa guerra terminou com seu mundo, com seu império, mas sua herança ainda vive no seus livros, nas suas antigas propiedades, que mantém a sua beleza e no crepúsculo no mar onde ainda se respira o romanticismo.

lunes, 10 de noviembre de 2008

A ILHA DA COZINHA-3


BERINJELAS RECHEIAS ("AUBERGÍNIES FARCIDES)
Esse é um prato que se pode comer tanto em inverno como em verao. Isso é quente ou frio.
Antes da Guerra civil espanhola, a gente da minha cidade o levava para a praia, para jantar perto do mar e bater papo, todo olhando o mar e as estrelas.
A minha mae me contava que quando tinha cinco anos, foi o seu último jantar pertinho do mar, já que veio a guerra e depois a fome do pós-guerra e nao o voltaram a fazer, ao menos com sua família.
É um prato fácil de fazer e consiste em: Berinjelas, carne moída (de vaca ou porco misturado), alho, um ovo, sal, pimenta, farinha de rosca e "sobrassada" (que se pode substituir por algum embutido gostozinho).
Botamos a cozer as berinjelas, partidas pela metade, até que estejam macias, depois tiramos com uma colher a sua poupa e colocamos as berinjelas dentro de uma forma, que possa ir ao forno. Misturamos a carne, o alho em pedacinhos, a poupa, o ovo batido e um pouco de sal e pimenta.
Colocamos o recheio dentro das berinjelas, o cobrimos com pedacinhos de "sobrassada" ou outro embutido e a farinha de rosca, um pouco de azeite e ao forno.
Quando o recheio esteja cozido, deixamos gratinar um pouco e já está pronto para servir.
Pode-se acompanhar dum molho de tomate e arroz branco.
É um prato muito mediterrâneo e se pode comer tanto diante da lareira como perto do mar, olhando as estrelas...