jueves, 17 de diciembre de 2009

A ILHA DA ILHA

SÓLLER
"Una illa dins una illa". Uma ilha dentro de outra ilha, essa podia ser a definiçao da minha cidade.
As suas características geográficas, um vale entre montanhas, fez que durante séculos vivesse longe das outras vilas e cidades de Mallorca, o que lhe deu um caráter próprio e um jeito bem especial.
Esse feito de estar rodeada de montanhas (Serra de Tramuntana e Serra des teix) e grandes torrentes, muitas fontes e uma populaçao estável, fez até um micro clima (muitas chuvas e até neve no inverno e épocas de secagem no verao).
O clima e a geografia marcaram o caráter e as circunstâncias vitais da sua gente.
Mas vamos por partes: Sóller foi habitada desde a pré-história, os habitantes mais antigos de Mallorca acharam-se nos seus terrenos (Cova de Muleta), o feito é que desde o calco lítico, bronze antigo e idade de ferro, há vestígios, desde covas de enterramento até restos de "talaiots" e hábitats, em mal estado pelo uso da pedra na construçao de terraços (marges) para agüentar a terra e das casas, feitas de pedra.
Até o seu topônimo: "Sóller" se considera uma palavra da língua desaparecida desses primeiros habitantes.
Da época romana, ficou pouca coisa, moedas e algum outro resto material.
Do domínio mulçumano, parece que herdamos toda uma tradiçao de canais de água para o regado (sèquias, qanats), que como veias levavam às aguas para os diferentes hortos e jardins da cidade.
Também dessa época nos resta muitos nomes de lugares como "Biniaraix" (onde naceu o meu pai), "Binidorm", "Binibassí" etc. onde "Bini" teria o significado de filho ou penha.
Da conquista do rei Jaume I de Catalunha e Aragó e a posterior colonizaçao vem a nossa língua (catalana), os costumes, os sobrenomes, as tradiçoes, a fundaçao das cidades, vilas, igrejas, conventos, ruas etc.
Ao redor de 1236 aparece a primeira igreja de Sóller, onde agora existe a atual e até os anos 1553/1561, a cidade foi crecendo, porém nessa época, o constante ataque dos piratas, que entravam pelo Pôrto de Sóller, obrigou a botar portas e fortificar a igreja, que ainda conserva parte da muralha nos nosso dias.
A batalha dos 11 de maio de 1561 foi tao importante para a história da nossa cidade que ainda hoje em dia se lembra através duma recreaçao onde participa os seus habitantes, vestindo tanto como piratas como cristaos e fazendo uma festa tanto colorida como barulhenta (pelas armas de fogo), que recreiam as lutas e por suposto a vitória dos Sollerics, onde se repete gritos como :"Moros en terra, moros en guerra".

jueves, 15 de octubre de 2009

A Ilha Ecológica 3




A ILHA DA VIDA:




"A vida tem fome...


Fome de vida..."
Fotos: Joan Maiol.



miércoles, 3 de junio de 2009

A ILHA DA GENTE-3

AS MAES
É muito interessante numa sociedade como a malhorquina, ver como tem evoluído o papel da mulher.
Na zona do Mediterrâneo, a mulher sempre teve o seu peso ainda que submetido ao do homem.
Esse papel se tem modificado de tal forma que até temos presidentas, as das diferentes ilhas, e hoje as de Mallorca e Menorca.
Porém nao é só na política, senao em todos os setores, desde a medicina, universidade, educaçao, indústria, agricultura, comércio e turismo, essa última, a indústria com mais poder nas ilhas.
Esse papel, cada vez mais preponderante e ativo, ainda tem que ganhar muitos obstáculos, mas vai adiante.
Uma coisa, porém nao tem mudado em todo esse tempo, o papel da mae.
Os novos tipos de família, as relaçoes pessoais, as novas maneiras de concepçao, as técnicas de fertilizaçao, a adoçao etc. Tudo isso se tem diversificado e aumentado, mas o conceito de mae é o mesmo e se resume em uma palavra: Amor.
Os antigos romanos diziam que as maes da época pré-histórica de Mallorca (a cultura dos talaiots), botavam a merenda das crianças num galho alto duma árvore que os meninos tinham que derrubar tirando uma pedra com uma funda e só assim eles podiam comer.
As fundas eram armas feitas com uma corda, caracterísiticas da "cultura talaiótica", que tirava pedras ou peças de chumbo como artilharia.
A fama dos "balears", como eram conhecidos pelos romanos e daí vem o nome do arquipélago: Ilhas Baleares, era tao grande que se lhes atribuía tal força que a pedra com o roce do ar, fazia faíscas!
E esse uso das fundas os levaram como mercedários a lutar com os púnicos e depois com os romanos.
Por isso era importante que a criançada tivesse boa pontaria e soubesse usar bem as fundas, disso dependia o seu futuro.
Pode que as maes de hoje aprendamos um pouco das maes "talaióticas". Os nossos filhos, sobre protegidos, com muitas coisas, precisam entender que é preciso lutar, somente conseguir, com seu esfôrço: "a sua merenda".
A foto é da minha mae, minha maravilhosa mae, que faz muitos anos que nao está connosco.

miércoles, 22 de abril de 2009

A ILHA ECOLÓGICA-2


DIA DA NOSSA TERRA


O que podemos fazer por ela?

Muitas coisas, pois o que façamos por ela o faremos para todos nós.

Nós fazemos reciclagem.

martes, 31 de marzo de 2009

A ILHA DA PRIMAVERA



A VIDA E A MORTE

Com a chegada da primavera, nessa parte do mundo onde vivo que coincide com as festas de Páscoa, vemos como a vida vai-se desabrochando por todos os lados, desde os animais, flores e insetos até nós mesmos, que sentimos a vontade de sair, tomar o sol e respirar o ar puro.

Nesse meu passeio, cheguei ao outro lado, isso é, na morada dos mortos, no cemitério da minha cidade e eis que apanhei uma foto dum grupo escultórico dum dos mais conhecidos escultores catalao: Josep Llimona i Bruguera (1864-1934).

Esse escultor, modernista, tem muitas obras, especialmente em Barcelona. Uma das quais, "Desconsol" (situada no meio dum estanque do "Parc de la Ciutadella") já me tinha feito até chorar.

Nessa composiçao, onde estao Joao, Maria, Jesus morto e Maria Madalena, se desprende um grande sentimento de pena e de dor, mas também de resignaçao.

A escultura, no cemitério e o cantar dos pássaros junto com o vôo dos insetos me fez reflexionar em quanto grande é o mitério da vida e da morte, tao contraditórios, mas tao próximos à sua vez.

lunes, 9 de marzo de 2009

A ILHA DA GENTE- 2


JOSEP MASCARÓ PASSARIUS
(Alaior, Menorca 1923- Palma 1996)
Existem pessoas que viveram no passado, porém falaram do futuro. Outras viveram no presente e falaram do passado.
Uma dessas pessoas foi Josep Mascaró Passarius. Essa pessoa tao especial, fez um trabalho muito importante, e nao sempre reconhecido, tanto para os estudiosos da língua como os da pré-história.
Para os estudiosos dos topônimos, ele recolheu no seu famoso "Mapa General de Mallorca", os nomes dos lugares, fazendas, vilas, cidades, montanhas, torrentes, vales etc. marcando também os lugares onde ainda existiam ruinas de monumentos pré-históricos.
Esse mapa, feito a mao. foi um esfôrço titânico, levou dez anos (1952-62) num momento onde o exército espanhol proibía fazer a topografia do terreno, entao ele teve que fazer o releve, marcando as montanhas pela sua altura, sem as curvas de nivel.
Ele ia fazendo todos os caminhos com as casas, igrejas, cemitérios, marcando o nome de cada coisa, também na costa, os lugares de pesca, as calas e praias etc.
A partir do mapa ele fez os livros "Corpus de Toponimia de Mallorca" onde se recopila todos os nomes e na palavra "talaiot" ele dedicou dos volumes, descrevendo o estado da questao, a descriçao de muitos monumentos e outros elementos da pré-hist. e um estudo sobre os arqueólogos que investigaram essa época.
Foi o trabalho dum homem extraordinário que como dizia o flilólogo e sacerdote Antoni Mª Alcover: "Neix un cada cent anys i quasi mai sura". Isso é: Nasce um cada cem anos e quase nunca sobrevive.
Nascido em Menorca, Josep Mascaró Passarius foi uma pessoa que se interessou por muitos temas, pelas viagens, pela arte, pela vida, Seria o que dizemos um humanista.
O seu trabalho foi fundamental para salvar um patrimônio, como é a toponimia, que se ia degradando, tanto pelo turismo, como pela influência da língua castelhana, e também pela incultura e ignorância dos mesmos mallorquines.
Ele também fez o primeiro catálogo para a proteçao dos monumentos pré-históricos de Mallorca e Menorca de toda a Espanha (1967), os mapas de Menorca, Eivissa e Formentera assim como coordinou a "História de Mallorca" e a "Gran Enciclopédia de Mallorca", colaborou com Joan Corominas no "Onomasticon Cataloniae" etc.
Sabemos que ninguém é imprescindível, mas Mascaró Passarius era necessário, tomara houvesse meia dúzia como ele!

lunes, 26 de enero de 2009

ILHA ANTIGA-3





"Hubo un tiempo en que los habitantes de las Baleares eran iguales unos a otros. No había ni ricos ni pobres, ni jefes ni subordinados, ni élites ni pueblo llano; todos, cualquiera que fuera su circunstancia, tenían acceso a los mismos bienes materiales: no había clases sociales."

"Enigmas de la Arqueología balear": Javier Aramburu-Zabala

NAVIFORMES E NAVETAS: AS PRIMEIRAS CASAS, AS PRIMEIRAS TUMBAS.

Depois duma etapa, bastante desconhecida, já que os seus restos materiais sao bastante escassos. Aparecem as primeiras casas, chamadas "naviformes" (pela sua forma de nau boca a baixo). Essas casas feitas de grandes pedras: com dobre parede, recheia de pequenas pedras, unidas em seco e provavelmente com telhado de madeira e palha; formaram verdadeiros povoados, ainda que também se encontrem algumas solitárias.

Estudiosos como o prof. Aramburu ou o prof. Salvá, fazem um análise dessa época como um período de paz com uma economia pastoril, até bucólica, com uma cerâmica fina e bem cuidada.

Essas construçoes se enquadram dentro da etapa que se conhece como "PRETALAIÓTICA" (1700-1100 a.C.), já que abarcaria a etapa anterior a cultura "TALAIÓTICA" (cultura estrela de Mallorca e Menorca).

Essas casas tinham um lar, uma pequena varanda diante e algumas aparecem justapostas com outras, fazendo grupos de dos, três e até quatro naviformes.

As NAVETAS, em Menorca, é um tipo de construçao similar, porém muito mais monumental, cuja funçao seria a de tumba de enterramento, sendo a "Naveta des Tudons" a mais famosa, nao só pela sua ótima restauraçao senao pela sua grandeza, funçao e localizaçao.

Em Pollença (Mallorca), existe um vale, desconhecido pela maioria das pessoas, que esconde uma serie de "naviformes" bastante bem conservadas e separadas por um pequeno riacho, que leva águas cristalinas.

Algumas covas nas montanhas e um silêncio que enche o espírito. Zona de antigos ermitaos, esse lugar privilegiado tem um pequeno estreito do qual se pode ver a Bahia de Pollença com o trânsito, os barcos e toda a sua tribulaçao.

Outro mundo, nesse mundo. Outro tempo, nesse tempo!

martes, 13 de enero de 2009

A ILHA DA TRADIÇAO-4





"BETLEM"

Essa palavra designa nas Ilhas Baleares a representaçao figurada do mistério do nascimento de Jesus, em port. presépio e em cast. pesebre.

Instala-se nas igreijas e casas particulares durante o tempo litúrgico do Natal.

Esse costume teve sua origem em Mallorca a partir dumas figuras procedentes de Nápoles (S.XV). Todo o conjunto estava composto dentro duma cova como o "betlem" de san Giovani a Carbonara (Nápoles).

A partir das igrejas e conventos foi passando as casas, com figuras feitas de barro, papel e até plástico e com o passar do tempo foi aparecendo diferentes personagens.

O "caganer" é um deles, representa um pastor fazendo cocô perto da sagrada família (esse personagem representaria a gente que passa das festas e que vai à sua). Outro é o ermitao (nao tao famoso como o primeiro e que está meio escondido e que as crianças o tem que achar) e muitos outros que representam ofícios e costumes do campo mallorquin.

As fotos do "Betlem" sao da casa da tia Margot, está feito com muito trabalho e carinho.

Tanto ela como a sua irma, a tia Encarnita, tem sempre as portas abertas, tanto as das suas casas como as dos seu coraçoes.