Balma de Son Matge (Valldemossa)-Foto Joan Maiol e enterramento de Sa Cova des Pas (Menorca). Mao apanhando cabelos e fragmentos de cordas da mortalha.
A eterna pergunta sempre é: Quem foi o primeiro? Quem foi o Adao e Eva desse paraíso que sao as Illes Balears?
A resposta tem sido buscada desde antigo. Na Grécia clássica pensavam que os colonizadores das Ilhas eram troianos que fugiam da derrota da famosa Guerra de Tróia.
Os romanos pensavam que eram descendentes de Hércules.
Já no século XIX, J. Ramis no seu livro "Antigüedades célticas de Menorca" (1818), intentou responder dando a idéia que os nossos primeiros habitantes eram Celtas.
Posteriormente teve êxito a teoria de que eram gente dos tao famosos como desconhecidos "Povos do Mar".
Nos mediados do século XX considerou-se que foram gente do Neolítico, que vieram com embarcaçoes desde a Península Ibérica ou talvez de Córsega ou Sardenha, com os quais parece ter algo em comum.
Esses habitantes teriam vindo sobre o 3.000/2.000 a.C.
Nos anos 60/70, William Waldren, um artista que vivia em Deià (Mallorca), começou a investigar e excavar com métodos mais modernos como a dataçao por rádio carbono e parece que encontrou na cova de Muleta (Sóller), um depósito de ossos onde o homem tinha convivido com o Myotragus Balearicus (animal meio cabra, extinto desde antigo).
Essa convivência se explicaria por um intento de estabulaçao no abrigo rochoso de Son Matge (Valldemossa) e também na cova de Canet (Esporles), onde Jaume Coll pareceria ter encontrado restos duma fogueira que situaria essa gente numa antigüidade de 7.000 anos a.C.
Todas essas teorias que durante os anos 80/90 tomaram força, começaram a perder-la com o análise do rádio carbono calibrado. Isso é comparando o resultado com outros meios de dataçao, por exemplo, o conhecimento da idade das árvores pelas suas veias ou a estratificaçao dos materiais, etc.
Essas novas análises e também os novos professores como Guerrero Ayuso, J. Aramburu, Jaume Coll, Manel Calvo etc. da Universidade da "Illes Balears" fez que os nossos primeiros habitantes nao fossem tao antigos como parecia e que se situariam de novo no Calco lítico.
O descobrimento duma cova de enterramento em Menorca, intacta e que tem conservado incluso tecidos internos (cerebro, pulmao, estômago) vao permitir conhecer melhor quem era essa gente, de onde vinha e que tipo de alimentaçao, doenças, clima e vegetaçao os afetavam.
O que se encontrou nessa cova merece artigo à parte. Os seus escavadores acharam um autêntico tesouro, nao de ouro, mas de gente. A "Cova des Pas" está dentro de um barranco à meia ladeira, de dificil acesso. Escondia enterramentos feitos sobre paridelas de madeira. Os defuntos (homens, mulheres, crianças) estavam dentro de mortalhas feitas de couro e levavam os cabelos em tranças, alguns cortados e tingidos de vermelho (parece que com valor ritual).
Havia uma mulher com um bebê, que tinha morto do parto e levava um ramo de flores encima (ainda se conservavam fragmentos do ramo).
Eu tive a sorte de ver as fotos e o relato dos próprios arqueólogos que fizeram a escavaçao. Foi realmente emocionante! Creio que nunca vou esquecer aquele dia.
O estudo do ADN dos tecidos, o pólen, as madeiras, os esqueletos etc. vao demorar certo tempo. Estamos ávidos em conhecer os resultados e estaremos atentos as publicaçoes dos estudiosos.
2 comentarios:
(Depois venho comentar amiga. Já são 2:03... Mas queria agradecer a conversa de mães que tivemos. Me encantou! Beijos de boa noite)...
Gosto muito dessas histórias.
Procurar descobrir nosso passado, tentar desvendar as desventuras dos povos antigos, por um planeta onde só se andava a pé. Aqui no Brasil, até agora o fócil mais antigo, encontrado em Minas Gerais, foi o crânio de uma mulher, que aqui viveu a cerca de 11.500 anos. Os cientistas a batizaram de Luzia.
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