martes, 9 de septiembre de 2008

A ILHA DOS DEMÔNIOS


Hoje vamos falar de chifre e nao vai ser de vaca. Vamos falar de rabo e nao vai ser de touro.
Vou falar do Diabo. Essa figura tao temível como desconhecida, tao horrenda como atrativa.
Que tem de especial o diabo, que aqui na nossa cultura, tao Cristiana, apostólica e romana, esteja presente em quase todas as festas?
Antropologicamente falando, (até que fica bem, nao é?), pode que esse personagem fosse o representante do que se diz "contracultura".
Ele era o elemento discordante, vamos aquele que punha em entredito o estabelecido.
Os nossos diabos, que parece que nao, mas sao muitos em toda a Ilha, tem um ar entre malvado e divertido, como aquele que faz travessuras, porém no fundo nao quer machucar ninguém.
Esse espírito burlao existiu desde muito antigo, reprimido e perseguido durante a ditadura, explodiu com a liberdade da democracia e criou escola, isso é: mais diabinhos, e com eles o fogo, o espetáculo da música e da chama, removendo os sentidos mais profundos das festas do Mediterrâneo.
Desde o Norte ao Sul da Ilha, acompanhando às procissoes e festas religiosas (Santa Catalina, Sao Antoinio, Sao Bartolomeu etc.) . Comparsas de Santa Catalina Thomas (a santa da Ilha), aonde vao rompendo centenários de recipientes de cerâmica como representando a tentaçao que tem que vencer a Santa. Depois, eles movendo as cadeiras fazem soar uns badalos que levam pendurados na cintura.
Persiguindo os meninos com um pau ou molestando a "dama" na antiquíssima dança dos "Cosssiers".
Personagens atávicos, os nossos diabos ("dimonis") dao medo nas crianças e festa à gente maior, enfim se isso é o inferno, quem sabe se nao é tao mau.

1 comentario:

Marcos Santos dijo...

Gostei muito Paulita.
Você tem toda razão quando diz "Se isso é o inferno, não deve ser tão mau". O verdadeiro inferno, normalmente está dentro de grandes gabinetes, mexendo com o nosso rico dinheirinho.
Essa questão eu coloquei de maneira parecida no post Fundamentalismo ou intolerância.
Beijos
Marcos