lunes, 27 de octubre de 2008

A ILHA LITERÁRIA-2



SÓLLER

El cel prepara secrets

murmuris de mandarina.

I les riberes del vent

esgarrien taronjades.

Jo tasto vergers. M'ajec

damunt valls encoixinades.

Les fulles alcen frescor

i aixequen ventalls de gràcia,

cortinatges de perfum,

cortesies tremolades.

L'oratge pinta perfils

de caramel dins l'oratge.

El cabell se m`ha esbullat

i tinc l'ombra capgirada.

El sucre de l'aire em fa

pessigolles a la cara,

amb confitures de flor

i xarops d'esgarrifança.

Unes cuixes de marquesa

em repassen l'espinada.

Quan el setí es torna gel,

sembla que es faci de flama.

El vicari compareix

amb un vas de llet glaçada.

La suor de les aixelles

li travessa la sotana.

Bartomeu Rosselló-Pòrcel (1913-1938)

A ditadura de franco, depois da Guerra Civil espanhola (1936-1939), trouxe um verdadeiro genocídio cultural , físico e ideológico, tanto do povo de fala catalana (Catalunha, Valência e as Ilhas Baleares), senao também de Galícia e como nao do povo Vasco.

Esse genocídio tinha uma idéia muito clara, fazer da Espanha um país com uma só ideologia, uma só língua, uma só religiao e como nao um só govêrno.

O conseguiu durante quarenta anos.

Os meus pais nunca falaram em castelhano entre eles, mas eram obrigados a fazê-lo na escola e em outro âmbitos. A língua castelhana era a única que eles sabiam ler e escrever, desconhecendo quase tudo da sua própria.

Eu tive melhor sorte, com a transiçao política, uma vez môrto o ditador, eu pude conhecer a cultura da minha gente, tanto a popular como a literária.

Porém essse processo foi lento, pelo caminho ficaram muita gente, muitos escritores que depois da guerra foram esquecidos e ignorados, entre eles temos a Bartomeu Rosselló-Pòrcel, ele morreu muito jovem, de tuberculose, mas deixou poemas tao lindos como o que eu coloquei, que leva o nome da minha cidade.

A democrácia foi abrindo caminhos, pouco a pouco foi aparecendo artigos nos jornais, rádio, televisao na nossa língua.

Todo esse esfôrço teve e tem gente em contra. Eles dizem besteiras, qualquer coisa para destruir a nossa cultura. Eles usam a língua, mas é que vai contra tudo aquilo que a nossa sociedade democrática foi ganhando com o tempo.

Agora o meu filho sabe e conhece as duas línguas, as pode ler e escrever perfeitamente. Na minha casa olhamos a televisao em catalao e castelhano, eu escrevo e leio também em português, tenho amigos galegos com quem posso falar e nao digo dos brasileiros, adoro a literatura castelhana assim como a portuguesa e a catalana e sinto nao saber a vasca, mas tudo ao tempo.

O respeito por todas as culturas e o amor a liberdade, esse é o nosso horizonte de futuro, nao quero outro.

miércoles, 15 de octubre de 2008

A ILHA DA SOLIDARIDADE





Viver numa ilha é como viver num mundo, mas em pequeno.
Tudo o que passa fora, também passa dentro e como vivemos num mundo tão globalizado, não se pode viver sem sentir todos os problemas e injustiças que afetam o nosso planeta.
A nossa ilha, onde a pobreza era atávica, viveu durante os últimos 60 anos, com a vinda do turismo, uma explosao de riqueza e bem-estar, que fez que outras pessoas, da Península primeiro e agora até de outros continentes, viessem buscando essa nova qualidade de vida.
A riqueza da nossa terra, que vem da sua beleza e do seu clima, nao podem tapar os núcleos de pobreza que existem.
Viúvas e velhinhos sem família, marginados da sociedade, desempregados, jovens sem casa, crianças com famílias desestruturadas etc.
A sociedade malhorquina tem feito um esforço para ajudar essas pessoas a sair dessa situação difícil, que a todos nos pode afetar.
Cáritas, Projecte Home, Cruz Vermelha, Serviços Sociais etc.
Existe também, como não, a pobreza, até miséria, que passa na África e que se agrava com doenças, que na Europa nao tem lugar pelas suas condições de vida.
Uma dessas doenças, a NOMA (uma bactéria que destroça a cara das pessoas), tem num grupo de malhorquines, uns grandes lutadores, tanto para evitar essa enfermidade, como para procurar, com a cirurgia plástica, restituir as feições da cara dessas crianças para que possam voltar a sorrir.
A "FUNDACIÓ CAMPANER" luta para que com uma boa alimentação, higiene e penicilina, esse problema tenha solução.
Muitas vezes o esforço econômico não é tão grande como o valor e a vontade de muitas pessoas.
Quem sabe um dia, a pobreza vai ser só um recordo do passado!

Participante do "Blog Action Day 2008"

martes, 7 de octubre de 2008

A ILHA ECOLÓGICA



"SALVEM SA DRAGONERA"

Faz uns trinta anos, um grupo de jovens, a maioria menores de idade, decidiu fazer um gesto, ao qual vamos agradecer toda a vida.
Eles resolveram invadir e ocupar a pequena ilha de "Sa Dragonera".
Essa ilha, que está no poente de Malhorca e pertence ao município de Andratx; estava baixa a ameaça duma empresa "Patrimonial Mediterránea S.A.", cuja idéia era urbanizar a zona com um cassino, hotel, heliporto e um bairro para trabalhadores.
No dia 7 de julho de 1977 (fazia pouco das primeiras eleiçoes democráticas na Espanha), esses jovens valentes, alugaram uma barca e com alguns víveres foram para a ilha e alí botaram um grande cartel que dizia: "Salvem Sa Dragonera".
Malhorca, naquela época, vinha sofrendo um processo de urbanizaçao brutal que até criou um neologismo "balearització", que significa construir duma maneira selvagem, sem planificaçao e sem respeito para o meio ambiente com a intençao de especular com a terra e os edifícios. Esse processo dura até agora.
Bem no que íamos, esses jovens foram atacados pelos partidos políticos e tratados de loucos, atrasados e que queriam impedir o progresso.
Mas eles recebiam o apoio de mais de trezentas pessoas (escritores, artistas, jornalistas etc.), que mantinha o contato entre "Sa Dragonera" e Malhorca.
Nós, (os estudantes), comprávamos pôsteres, propaganda etc. para ajudar aqueles jovens.
Foi uma mobilizaçao da sociedade, de gente de diferentes ideologias, mas amantes da natureza.
Esse feito durou até que houve um acordo em comprar a ilha por parte das autoridades.
Em 1987 (10 anos depois), o "Consell de Mallorca" (govêrno autônomo da Ilha) comprou "Sa Dragonera" e em 1995, ela foi declarada "Parque Natural".
Hoje em dia você pode visitar e passear por ela. Ali vivem aves e umas pequenas lagartixas, que aquí dizemos "dragons", em liberdade, pois as ilhas pequenas sao o seu último refúgio.
Os "dragons", a vegetaçao, a paisagem e o mar fazem dessa ilha um lugar maravilhoso.
A vingança veio depois, já que a costa de Andratx foi urbanizada duma forma tao selvagem que faz mal nos olhos, mais isso eu vou contar mais adiante.
O importante é que aqueles jovens, hoje gente trabalhadora, pais e maes de família, foram capazes de fazer do seu sonho, uma realidade.
Eles nao eram muito conscientes do que passaria, mas graças a eles o Dragao venceu a máquina escavadora e o sonho fez-se real como um conto de fadas.

viernes, 3 de octubre de 2008

A ILHA DA TRADIÇAO-2



"ESCLATA-SANGS"

Quando chega o outono aqui no Mediterrâneo, aparece uma espécie de febre que é muito contagiosa.

Essa febre tem un nome: COGUMELOS.

Numa ilha como Mallorca onde antanho os recursos eram escassos e a fome e a miséria abundantes, o nativo tinha que procurar comida onde fosse e os poucos frutos da terra eram muito apreciados.

Desde os humildes caracóis (prato muito requerido na minha cidade) até os "esclata-sangs" (cogumelos próprios de Mallorca) mais a caça e a pesca.

Esses frutos da terra eram tao importantes que até o rei Jaume 1º regulou a sua colheita nas montanhas e torrentes da ilha. Isso é que todos os seus súditos tinham direito de apanhar e colher nos montes e pescar nas costas assim como caçar.

Com o passo do tempo, houve muitos conflitos entre o povo e os diferentes propietários dos territórios com eternos enfrentamentos judiciais até que se chegou a um acordo entre os donos e as prefeituras em conceder determinadas zonas "Comunes" para que a gente pudesse ir a procurar lenha, caracóis, cogumelos e caça. Na beira do mar se deixou uma zona de passo para os pescadores.

Hoje em dia, as prefeituras cobram um imposto para essas atividades em conceito de cuidar e manter limpa a montanha e acomoda um pequeno espaço para que a gente possa passear e fazer um churrasco ou uma paelha e as crianças possam correr e brincar.

Existem muitas espécies de cogumelos comestíveis, ainda que haja de tóxicos e até venenosos. É uma coisa que se tem de conhecer. O mais apetitoso na nossa Ilha é o "esclata-sang" (lactarius sanguifluus). Surge entre os pinheiros e as matas. Quem sabe os lugares o mantêm em segredo, que algumas vezes passa de pai a filho.

No mercado tem um alto preço e sao muito gostosos torradinhos com azeite, sal e pimenta, no forno ou acompanhando carne de porco ou com um arroz com carne e verduras etc.

É a felicidade de colher sem ter plantado, de achar caminhando e cheirando o perfume da montanha, seu ar humido e limpo e quando chega a casa, torrar-los na lareira e sentir de novo o ar do campo, da liberdade e compartir com a família e os amigos a gesta de ter encontrado os tao valiosos "esclata-sangs".

(foto:Joan Maiol (esclata-sangs trobats a sa Pobla-Mallorca)